terça-feira, fevereiro 01, 2011

Metáforas Organizacionais

Metáfora

- "Um equilíbrio sutil entre, por um lado, a especificidade dos elementos nela incluídos, a fim de persuadir o interlocutor ou leitor da semelhança entre a história e a sua própria situação e, por outro lado, uma certa imprecisão, lacunas no conteúdo, "jogo" (no sentido mecânico da palavra), para que ele aceite a metáfora e receba dentro do seu próprio modelo de mundo. (LONGIN, Pierre)
-  “Emprego de palavra ou expressão em sentido figurado – em que a significação natural duma palavra é substituída por outra com que tem relação de semelhança” (Mini Aurélio)
- “Transferência de sentido de um termo para outro, numa comparação implícita” (Mini Houaiss)
- “Figura de linguagem comparativa freqüentemente usada para dar um toque criativo à nossa maneira de falar. (...) força primária através da qual os seres humanos criam significados usando um elemento da sua experiência para entender outro” (Gareth Morgan, Imagens da Organização)
Morgan (1986) usa o conceito de metáfora para dar conta dos aspectos da vida organizacional que se tornam visíveis a partir de cada uma das escolas de teoria das organizações mais conhecidas, mostrando a utilidade geral desse “algoritmo”.
As principais metáforas das organizações são vistas como:
1- Máquinas
2- Organismos
3- Cérebros
4- Culturas
5- Sistemas Políticos
1-  As organizações vistas como máquinas
As empresas configuradas como máquinas têm características de processos de trabalho rotineiro, simples, repetitivo e padronizado; definição de responsabilidades, qualificações e de canais de comunicação; regulamentos e hierarquia de autoridade claramente definida; produção especializada e rotinizadas, geralmente de grande porte; poder relativamente centralizado na tomada de decisão; administração distinta da linha intermediária e assessoria; fluxo de trabalho racionalizado; produção em escala; estrutura administrativa altamente elaborada; obsessão para o controle; ambiente é estável e previsível; dificuldade de adaptação às mudanças.
2-  As organizações vistas como organismos
Empresas com alta necessidade de inovação, flexibilidade; de operação não seriada nem massificada, com o foco em projetos e atendimento não repetitivo ou produção de produtos únicos; constituída por grupos, equipes ou projetos
ad hoc (autoridade para execução específica) de indivíduos qualificados em áreas
diversificadas para uma melhor resposta, pouca formalização e padronização do comportamento; separação entre o planejamento e a execução do trabalho é difusa; ambientes complexos, dinâmicos e orgânicos; pouca autoridade formal mas com alto grau de planejamento e controle. São exemplos as empresas de desenvolvimento de projetos, de consultoria ou assessoria.

3 - As organizações vistas como cérebros

A aplicação da metáfora apresenta empresas com alta capacidade de aprendizagem organizacional e alto grau de distribuição da inteligência corporativa, que fazem uso intensivo da tecnologia da informação como meio de tornarem-se simultaneamente globais e locais. As vantagens da aplicação da metáfora são percebidas no fornecimento de diretrizes claras para o desenvolvimento de organizações capazes de aprender, no aprendizado da utilização da tecnologia da informação para a evolução da inteligência organizacional, em uma nova teoria da administração, baseada na auto-organização e no reconhecimento da importância de lidarmos com paradoxos. Porém suas limitações da aplicação da metáfora são percebidas no potencial de conflito entre os requisitos do aprendizado organizacional e as realidades de poder e controle, como na possibilidade de a visão tornar-se uma ideologia – aprender tornar-se um fim em si mesmo.

4 - As organizações vistas como culturas

A metáfora representa empresas como mini-sociedades, com valores, rituais, ideologias e crenças próprias: organizações individuais também podem ter a sua cultura própria; acontecimentos internos às organizações são reflexos do que está nas mentes das pessoas; algumas culturas corporativas podem ser uniformes e outras fragmentadas, pela incorporação de sub-culturas; as organizações baseiam-se em significados compartilhados, que permitem que os seus integrantes se comportem organizadamente. As vantagens da aplicação da metáfora são percebidas na ênfase obtida para o significado simbólico de quase tudo que fazemos, no aprendizado de que organização e significado compartilhado são a mesma coisa, na visão de que o sucesso depende da criação de significado compartilhado, no alcance de um novo entendimento para o papel dos líderes, na constatação de que a administração estratégica é um processo de representação. As limitações da aplicação da metáfora são percebidas: na possibilidade da sua utilização como apoio à manipulação e ao controle ideológico, na constatação de que a cultura organizacional não pode ser, realmente, gerenciada, na constatação de que importantes dimensões da cultura são invisíveis e o que é observável é de pouca relevância, no entendimento de que a cultura tem uma dimensão política profunda no ambiente organizacional.

5 - As organizações vistas como sistemas políticos

A aplicação da metáfora possibilita visualizar os interesses concorrentes, os conflitos e os jogos de poder presentes nas organizações: a organização e a administração apresentam-se como processos políticos, são visualizados diferentes estilos de governo, os interesses divergentes de indivíduos e grupos tornam a organização politizada, o conflito passa a ser visto como inerente a toda organização, são visualizadas diferentes fontes de poder. As vantagens da aplicação da metáfora são percebidas na visualização de que toda a atividade organizacional é baseada em interesses, na possibilidade de utilização do entendimento da política organizacional de uma forma positiva, na transformação da administração do conflito em uma atividade-chave, no reconhecimento de que a integração organizacional é um mito, no entendimento de que a política é um aspecto natural nos ambientes organizacionais, na possibilidade de discussão de questões fundamentais sobre poder e controle na sociedade. As limitações da aplicação da metáfora são percebidas na constatação de que política pode gerar mais política, na subestimação das desigualdades de poder e de influência.


segunda-feira, janeiro 31, 2011

Procrastinação (Lei de Parkinson)

'A eternidade começa amanhã, a posteridade acabou ontem e, o presente é só o dia de hoje, portanto faça o que tem que ser feito agora'.
Procrastinar é a intenção de deixar tudo para depois. É utilizar todo tempo disponível para realizarmos uma tarefa. É deixar para amanhã o que deve fazer hoje. É o ato de adiar por comodismo, preguiça (lascívia), falta de iniciativa e determinação, delongar, demorar. A tal famosa ‘preguiça’ que toma o ser humano e subverte os padrões de eficácia e efetividade no que é esperado no desempenho de uma tarefa.
Por vezes, o indivíduo reage às imposições e obrigações que lhe são impostas, isto foi objeto de estudo de Douglas McGregor na Escola Comportamental da Administração, quando enunciou sua Teoria X, descrevendo que o homem: 1) É indolente e preguiçoso por natureza, evitando o trabalho ou trabalhando o mínimo possível e sempre em troca de recompensas; 2) É sem ambição e não gosta de assumir responsabilidades, preferindo ser dirigido e sentir-se seguro nessa dependência; 3) É egocêntrico, sendo que seus objetivos se opõem aos objetivos de outrem; 4) É resistente à mudanças preferindo a segurança a assumir riscos e, 5) É dependente, sem autocontrole e autodisciplina, necessitando ser vigiado e controlado. Talvez um exagero, posto que o próprio McGregor, a despeito de tantos preconceitos lançou a Teoria Y em seguida, devolvendo ao homem uma posição mais digna e honrosa.
Abraham H. Maslow tratou do mesmo assunto, porém com outro enfoque – o da motivação humana. Sua Teoria da Motivação prevê uma escala de cinco grupos de necessidades a que os seres humanos estão sujeitos. Partindo das necessidades básicas (fisiológicas e de segurança), passando pelas necessidades sociais e psicológicas (aceitação e estima) para chegar no topo, onde estão as necessidades de auto-realização. Em cada patamar, as necessidades motivam cada ser humano com atitudes que as atendam, justificando assim a diversidade de determinação de um indivíduo para outro. As atitudes guiam as pessoas na realização das tarefas fazendo com que sejam realizadas em tempo satisfatório ou sejam procrastinadas, tudo em concordância com a motivação pessoal.

O historiador inglês Cyril N Parkinson (1909-1993) publicou em 1955 uma tese muito interessante: as pessoas sempre utilizam o máximo do tempo disponível para realizar uma tarefa, independentemente de sua importância. O enunciado da lei de Parkinson diz que: "O trabalho expande-se na exata medida do tempo disponível para ser feito".
 A dificuldade em definir prioridades pode levar a prejuízos materiais, financeiros e morais e, é ai que o planejamento das atribuições de caráter pessoal, social ou profissional mostra sua relevância, posto que o encadeamento das tarefas por grau de importância impõe ao cérebro prioridades que combatam a procrastinação. Certamente que a quantidade de tarefas, impostas pelas múltiplas atividades a que nos sujeita a vida moderna, provoca tensão e frustração pela procrastinação de algumas delas, o que redunda em estresse, portando tem-se que dosar estas atribuições na medida da capacidade individual de realizações. 
É evidente que certas atribuições são por natureza, inconvenientes, indesejáveis ou desagradáveis como abastecer o veículo, elaborar e entregar o formulário do Imposto de Renda, analisar extratos bancários ou de cartões de crédito, etc. sendo postergadas ao extremo ou negligenciadas, por vezes com prejuízos.
Há que se falar também das intenções fantasiosas, oníricas, pretensiosas que nunca se realizam ou podem se estender pela eternidade por estarem além de nossas possibilidades financeiras ou temporais, digo do desejo em realizar uma viagem para terras distantes ou fazer filantropia, por exemplo, porém se isto estiver no seu planejamento de vida, deve ser realizado, mas se for um sonho, não cabe nos limites da procrastinação, se acontecer ótimo, senão fica no ‘baú das boas intenções’.




domingo, janeiro 30, 2011

Perspectivas na Gestão

Podemos entender Gestão como a condução de qualquer negócio que seja feito com proficiência, seja numa quitanda ou numa grande empresa. O foco da Gestão se apresenta sob várias perspectivas, a saber:
- Por Competências: Qualidade, Pessoas, Materiais, Produção, Marketing, Vendas, TI, P&D, etc.
- Por Objetivos: Crescimento, Inovações, Aprendizagem, Prazos, Lucros, Custos, Sustentabilidade, Satisfação do Cliente, Clima Organizacional, etc.
- Por Ativos: Materiais (Terrenos, Imóveis, etc.) e Imateriais (Marcas/Patentes, Clientes, Conhecimento, Processos, Cultura, Comunicação, etc.)
Sem entrar no mérito da forma de Gestão das várias perspectivas e como estão estruturadas, percebe-se que elas ocorrem concomitantemente nas áreas das empresas porque existem formas específicas de controle em cada perspectiva.  “... A aplicação do processo de gestão se dá em função do tipo de controle que se deseje adotar em função da definição dos indicadores pelos quais será feito o acompanhamento, sendo este acompanhamento fruto da metodologia do processo, Tornar um evento (etapa/atividade) mensurável é criar uma expectativa de desempenho ou resultado expresso em valor (es) que seja factível e aceito segundo os  padrões vigentes no ambiente da gestão”, em síntese – o que se quer medir. http://www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/gestao-8310/artigo/
A Gestão por Competências é a usualmente aplicada nas áreas operacionais, face os padrões de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (competências), fatores mandatórios para a consecução dos processos, cujos parâmetros de acompanhamento e aferição (capacidade, eficiência e eficácia) são estandartizados nos vários segmentos da indústria.  
A Gestão por Objetivos normalmente se apresenta em nível macro (Diretorias) abrangendo um ou vários Departamentos afins. Alguns exemplos: Lucro e Satisfação do Cliente (Área de Comercialização e Logística), Custos (Área Produtiva e Materiais), Prazos (P&D, Projetos), Crescimento e Sustentabilidade (Área Estratégica), Aprendizagem e Clima Organizacional (Área de Pessoas). Uma metodologia que se apresenta oportuna na Gestão por Objetivos é o BSC – Balanced Scorecard.
A terceira perspectiva da Gestão é a dos Ativos da organização, dividida em dois grupos: Gestão do Patrimônio Material (tangível) e o Imaterial (intangível). Os Ativos Materiais são compostos de terrenos, imóveis, mobiliário, instalações, equipamentos, veículos, têm sua Gestão englobando a manutenção, inventário e valorização, porém nesta era do Conhecimento é indubitável a importância dos Ativos Intangíveis, posto que em algumas grandes empresas estes Ativos já façam parte de suas contabilidades. Há somente duas décadas esses ativos passaram a ter uma atenção especial na Administração, dada sua importância.
Para Brooking (1996) esse termo ‘Intangível’ “... compreende quatro tipos de ativos: a) Ativos de mercado, onde se incluem marcas, clientes, canais de distribuição e colaborações nos negócios; b) Ativos de propriedade intelectual, que incluem patentes, copyrights, designs, segredos industriais e comerciais; c) Ativos humanos, compreendendo educação e conhecimento relacionado às atividades, competências, expertise, habilidade para resolver problemas; e d) Ativos de Infraestrutura, incluindo-se nesse grupo os processos, as tecnologias e as metodologias, como sistemas de informação, cultura, métodos gerenciais e redes de comunicação”.
Hoje, existem várias metodologias de aferição dos Intangíveis (Intangible Asset Monitor, Economic Value Added (EVA™), IC-Index™, Skandia Navigator, CIV - Valor Intangível Calculado, The Invisible Balance Sheet, etc.).
Do exposto acima decorre que liderança, competências e demais expertises não são suficientes para um desempenho satisfatório, há que se ter foco na Gestão, o quê significa - saber o que controlar (coleta, acompanhamento, análise e correção), pois Gestão, antes de tudo, é condução rumo à melhoria e a superação.